Sumário executivo

Com seus motores imobiliários e de investimento estrangeiro enfrentando dificuldades, a China busca desesperadamente novos impulsionadores de crescimento. O setor imobiliário, que já foi considerado um herói, agora enfrenta desafios desde meados de 2021, com o desenvolvimento imobiliário estimado em 26% abaixo da tendência pré-pandemia. Além disso, as perspectivas de longo prazo são sombrias, com uma população envelhecendo rapidamente, urbanização mais lenta e investimento estrangeiro em declínio, por razões táticas de curto prazo, mas fatores estruturais de longo prazo, como um crescimento mais lento, barreiras regulatórias e geopolítica mais sensível, também estão reduzindo a atratividade da economia para investidores estrangeiros.

Por outro lado, as exportações continuam robustas, pois a China permanece um fornecedor crítico para o mundo. Embora as exportações não sejam mais o principal motor de crescimento, o papel da China como fornecedor crítico permanece inalterado. O número de importações para as quais a China é essencial tem aumentado ao longo do tempo, especialmente entre os principais importadores globais. Os Estados Unidos estão particularmente expostos, com quase 50% de suas importações da China dependendo criticamente desse fornecimento. Além disso, observa-se uma mudança na concentração de dependências críticas em setores de maior valor agregado, especialmente nas importações da União Europeia provenientes da China. Assim, a sólida posição da China na cadeia de suprimentos global continuará a oferecer suporte ao crescimento econômico.

Olhando para o futuro, o objetivo é que setores de manufatura de maior valor agregado, como as indústrias de veículos elétricos, baterias e produtos de energia solar, se tornem os principais fatores de crescimento. Os carros chineses conquistaram o mundo em poucos anos, à medida que a rápida expansão dos veículos elétricos (VEs) leva a um crescimento significativo nas vendas de automóveis tanto no mercado interno quanto internacional. Apesar de uma recente desaceleração na demanda global, esperamos que os VEs continuem sendo o ponto positivo no setor automobilístico durante a transição verde em curso, e a relação custo-benefício é a principal vantagem que coloca os fabricantes chineses de VEs na vanguarda.

A China também domina o setor de baterias, com quase 56% da participação global no mercado de baterias para VEs. Além disso, o país fez progressos notáveis nas energias renováveis, sendo responsável por mais de 80% da capacidade global de fabricação de módulos solares e por mais de 80% das exportações de células solares. No entanto, embora a China pareça estar bem posicionada nessas indústrias emergentes, sua atual dominância e crescimento futuro podem ser testados pela guerra dos chips, o protecionismo, as tensões geopolíticas e o risco de criar outras situações de excesso de capacidade, estocagem e alavancagem.

A China está se direcionando para um ritmo de crescimento econômico mais lento. Atualmente, projetamos que o crescimento econômico chinês será de +3,9% entre 2025 e 2029. Essa taxa é menor do que as expectativas anteriores de +5% antes da pandemia de Covid-19 e de +4,5% antes da crise no setor imobiliário. Em nosso cenário base, não vemos que a economia chinesa passará por um processo semelhante ao do Japão, conhecido como ‘japanificação’, em grande parte devido ao significativo crescimento da classe média e ao contínuo avanço da urbanização. Contudo, é essencial que os formuladores de políticas chinesas atuem rapidamente para reconquistar a confiança dos consumidores, estabelecer políticas de longo prazo que sejam centradas no consumidor e diminuir o elevado nível de poupança por precaução.